Solstício de Inverno – Alocução do Grão Mestre

Solstício – uma etapa do desenvolvimento espiritual

O solstício marca o momento em que o sol atinge o seu ponto mais distante do equador celeste, simbolizando uma pausa antes da inversão do seu percurso anual. Desde a antiguidade, este evento é celebrado em diversas culturas com o fogo, como símbolo central da luta contra as trevas e do triunfo da luz.

O fogo é um dos símbolos mais marcantes nos rituais do solstício, presente em celebrações de diversas culturas, representando a luta contra as trevas, o triunfo da luz, a transformação espiritual, a renovação e purificação. Assim, o fogo é aceso para simbolizar a resistência da humanidade perante a escuridão da noite mais longa do ano, evocando esperança e renovação, celebrando o retorno da luz após o período de maior escuridão, marcando o início do novo ciclo solar. Em tradições esotéricas, o fogo é visto como a centelha divina, que o iniciado deve acender dentro de si, representando o conhecimento, a consciência e a força interior necessária para superar desafios. Simboliza também a purificação e a preparação para o renascimento, tanto do cosmos como do próprio indivíduo.

O fogo nos rituais do solstício é muito mais do que um elemento físico: é um símbolo universal de renovação, iluminação e vitória sobre a escuridão, inspirando a busca pela luz interior e pelo crescimento espiritual.

O pensamento hermético liga os ciclos cósmicos à alma, refletindo que a descida às trevas é essencial para o regresso à luz. Mircea Eliade destaca o solstício como um momento de renovação espiritual, onde o tempo simbólico pára para permitir um novo começo.

Na Maçonaria, o solstício está ligado ao mito solar e à busca da luz interior, sendo o Sol símbolo da Verdade e do Princípio Divino. Esotericamente, o solstício representa um arquétipo de iniciação: a descida do sol é vista como uma morte ritual, seguida pelo renascimento da luz. No Egipto, associa-se ao ciclo de Osíris; na tradição greco-romana, ao mito de Prometeu, que simboliza o sacrifício necessário para alcançar o conhecimento interior.

O sol é o elemento central do solstício, representando a luz, o conhecimento e o renascimento. No momento do solstício, o sol atinge o seu ponto mais baixo no horizonte, simbolizando uma “morte ritual” antes do seu renascimento, que marca o início de um novo ciclo de luz.

Nas tradições antigas, este fenómeno era interpretado como um arquétipo do processo iniciático: a descida do sol às trevas representa a necessidade de atravessar a escuridão interior para alcançar uma nova consciência e força espiritual. O sol, ao renascer, simboliza a vitória da luz sobre as sombras e a renovação do espírito.

No contexto do solstício, o Sol é muito mais do que um astro físico: é um símbolo universal de transformação, esperança e crescimento espiritual, inspirando a busca pela luz interior e pelo autoconhecimento.

Para o iniciado, a verdadeira luz é encontrada no solstício de Inverno, quando se procura o “Sol da Meia-Noite”.

Albert Pike resume: “O homem que acendeu o fogo da sabedoria dentro de si não teme a noite, pois carrega a sua luz consigo.”

O solstício é, assim, uma etapa essencial do desenvolvimento espiritual.

A luz que o iniciado carrega consigo, reflete-se no seu trabalho, nas suas relações diárias com o outro, contribuindo para o objetivo primordial da universalidade.

O nosso trabalho a nível nacional, tem sido de consolidação. Acima de tudo, temos mantido o foco no reforço das lojas e dos triângulos, incluindo a abertura de um novo triangulo em Beja – o Triangulo Cruzeiro do Sul. É de crucial importância a nossa presença em vários pontos do país. Neste momento estamos, em Lisboa, Porto, Setúbal, Évora e Beja!

Também temos promovido passeios culturais, envolvendo as nossas famílias e amigos. Estes encontros têm sido um forte elemento para o relacionamento entre todos, fortalecendo os laços que nos unem.

Durante este ano civil, a grande Loja Maçónica de Portugal participou em diversos eventos internacionais. Nove ao todo. A nossa participação tem ultrapassado, por vezes, o mero papel de visitante, participando de forma ativa na consolidação de algumas estruturas maçónicas.

O nosso trabalho é universal, mas tem de partir de dentro de nós, da nossa construção mais próxima, das nossas lojas, do estudo, para entendermos a essência do nosso compromisso e daquilo a que nos propomos – quanto melhor formos individualmente, melhor podemos contribuir para um equilíbrio social mais estável.

É também saber observar o próximo, e tentar entender se este é um potencial Irmão, que possa fortalecer as nossas colunas. Temos de crescer mais em número, nas sempre focados na qualidade, praticando a virtude e combatendo o vício.

Concluindo e citando mais uma vez Pike: “O homem que acendeu o fogo da sabedoria dentro de si não teme a noite, pois carrega a sua luz consigo.”